Ói nós aqui, Ói nós aqui,
Hollywood fica ali bem perto,
só não vê quem tem um olho aberto
Ói nós aqui, Ói nós aqui,
Hollywood é um sonho de cenário,
Vi um pau-de-arara milionário
E eu que nem sonhava conhecer o tal Recife,
Pobre saltimbanco trapalhão.
Hoje sou mocinho, sou vizinho do xerife,
dou rabo-de-arraia em tubarão
Ói nós aqui, Ói nós aqui,
Tem de tudo nessa Hollywood,
Vi um índio cheio de saúde
Ói nós aqui, Ói nós aqui,
How do you do?
Caruaru, I wanna see piripipi. Ói nós aqui
Ói nós aqui, Ói nós aqui,
Camelôs, malucos e engraxates,
Aproveitem enquanto o sonho é grátis
Quem há de negar que é bom dançar, que a vida é bela,
neste fabuloso Xanadu.
Eu só tenho medo de amanhã cair da tela
e acordar na casa do Bubu
Ói nós aqui, Ói nós aqui,
How do you do?
Banabuiú, I wanna buy o Paraguai.
Hollywood and me
Ói nós aqui (vixe!)
(Chico Buarque, Bardotti, Enriquez)
sexta-feira, 26 de março de 2010
terça-feira, 23 de março de 2010
O amor comeu meu nome, minha identidade, meu retrato
O amor comeu minha certidão de idade, minha genealogia, meu endereço
O amor comeu meus cartões de visita, o amor veio e comeu todos os papéis onde eu escrevera meu nome
O amor comeu minhas roupas, meus lenços e minhas camisas
O amor comeu metros e metros de gravatas
O amor comeu a medida de meus ternos, o número de meus sapatos, o tamanho de meus chapéus
O amor comeu minha altura, meu peso, a cor de meus olhos e de meus cabelos
O amor comeu minha paz e minha guerra, meu dia e minha noite, meu inverno e meu verão
Comeu meu silêncio, minha dor de cabeça, meu medo da morte
(João Cabral de Melo Neto)
O amor comeu minha certidão de idade, minha genealogia, meu endereço
O amor comeu meus cartões de visita, o amor veio e comeu todos os papéis onde eu escrevera meu nome
O amor comeu minhas roupas, meus lenços e minhas camisas
O amor comeu metros e metros de gravatas
O amor comeu a medida de meus ternos, o número de meus sapatos, o tamanho de meus chapéus
O amor comeu minha altura, meu peso, a cor de meus olhos e de meus cabelos
O amor comeu minha paz e minha guerra, meu dia e minha noite, meu inverno e meu verão
Comeu meu silêncio, minha dor de cabeça, meu medo da morte
(João Cabral de Melo Neto)
Retrato pra Iaiá
Iaiá, se eu peco é na vontade
de ter um amor de verdade
Pois é que assim em ti eu me atirei
e fui te encontrar
pra ver que eu me enganei...
Depois de ter vivido o óbvio utópico,
te beijar, e de ter brincado sobre a sinceridade
e dizer quase tudo quanto fosse natural...
Eu fui pra aí te ver, te dizer:
Deixa ser, como será!
Quando a gente se encontrar
No pé, o céu de um parque a nos testemunhar...
Deixa ser como será!
Eu vou sem me preocupar.
E crer pra ver o quanto eu posso adivinhar...
De perto eu não quis ver
que toda a anunciação era vã
Fui saber tão longe,
mesmo você viu antes de mim
que eu te olhando via uma outra mulher
E agora o que sobrou?
- Um filme no close pro fim
Num retrato-falado eu fichado,
exposto em diagnóstico
Especialistas analisam e sentenciam: oh não!
Deixa ser como será!
Tudo posto em seu lugar
Então tentar prever serviu pra eu me enganar.
Deixa ser, como será!
Eu já posto em meu lugar
Num continente ao revés,
em preto e branco, em hotéis.
Numa moldura clara e simples sou aquilo que se vê!
(Marcelo Camelo e Rodrigo Amarante)
de ter um amor de verdade
Pois é que assim em ti eu me atirei
e fui te encontrar
pra ver que eu me enganei...
Depois de ter vivido o óbvio utópico,
te beijar, e de ter brincado sobre a sinceridade
e dizer quase tudo quanto fosse natural...
Eu fui pra aí te ver, te dizer:
Deixa ser, como será!
Quando a gente se encontrar
No pé, o céu de um parque a nos testemunhar...
Deixa ser como será!
Eu vou sem me preocupar.
E crer pra ver o quanto eu posso adivinhar...
De perto eu não quis ver
que toda a anunciação era vã
Fui saber tão longe,
mesmo você viu antes de mim
que eu te olhando via uma outra mulher
E agora o que sobrou?
- Um filme no close pro fim
Num retrato-falado eu fichado,
exposto em diagnóstico
Especialistas analisam e sentenciam: oh não!
Deixa ser como será!
Tudo posto em seu lugar
Então tentar prever serviu pra eu me enganar.
Deixa ser, como será!
Eu já posto em meu lugar
Num continente ao revés,
em preto e branco, em hotéis.
Numa moldura clara e simples sou aquilo que se vê!
(Marcelo Camelo e Rodrigo Amarante)
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